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domingo, 20 de fevereiro de 2011

HORÓSCOPOS

Quando o meu modus vivendi
ficou emaranhado
na teia da aranha mecânica
o guru que administrava
minha vida
confeccionou o meu mapa astral
e eu fique plugado
à constelação correspondente
ao meu signo.

De repente vi-me embrenhado
nas páginas dos compêndios
da literatura astrológica.
Depois de ler os tratados tradicionais
fui das curvas do horóscopo chinês
às intrincadas teorias da horoscopia Maia.

Passei a ouvir diariamente
os programas do rádio
do Omar Cardoso,
da Zara Yonara
e outros menos famosos.
Tornei-me um viciado
na leitura dos presságios
feito um dependente farmacológico
que não sai de casa
sem conduzir uma aspirina no bolso.

Mas no ano passado
os cientistas derramaram
uma montanha de gelo na minha crença
quando falaram sobre
o terceiro movimento da terra,
a precessão dos equinócios,
um evento que fecha o ciclo
a cada 25 mil anos
Então, eu percebi, à luz da razão,
que o oráculo que eu seguia
não falava para mim,
pois os mapas zodiacais
são tábuas móveis
que deslizam no espaço da nossa imaginação...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

JUVENTUDE

Eu, às vezes,
fico procurando
minha juventude,
mas acho que ela
ficou encurralada
na memória,
na retina,
na fumaça.
Será que ela
não ficou armazenada
na curva do arco-íris?

Também,
fico me perguntando,
por que fujo
do tempo presente?
Mas será, que de fato,
o tempo existe?

Outras vezes,
pergunto, divagando,
por que no alvorecer
almejei voar,
queimar etapas,
romper limites
e agora ao vislumbrar o opúsculo
desejo retroceder
nas asas das tartarugas?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VAMOS SORRIR!

Sisudo pela rua
eu, ontem, ia
remoendo dissabores...

Contabilizando fracassos,
com os olhos rentes
à poeira da via pública.

Na tarde sombria,
à medida que eu andava,
praguejava
pela ausência do sol...

Ao passar pela frente
de uma placa avisando:
sorria, você está sendo filmado,
irritei-me, chutei as pedras,
vociferei: gente besta!

Caminhando sem rumo,
quase enfartei
ao ser carimbado
pela caca dos pássaros
festeiros, sobre a ramada das árvores
que cobriam a calçada,
como se fosse primavera...

Eu xingava à revelia
as aves e o mundo
quando um um homem velho,
jeito de desocupado,
me olhava e emitia
um sorriso de paz.

Atordoado e sem jeito
perguntei ao velhinho,
qual era a graça;
então, ele lançou-me um olhar
de quem veio de um planeta de fora do tempo;
pediu-me calma, muita calma,
depois abriu uma pequena mochila
que trazia agregada às costas
e retirou de dentro um pacote de alpiste,
jogou o conteudo sobre o chão,
e minutos depois, os pássaros
desceram das árvores
e cobriram a calçada
numa enorme folia.

Diante daquele espetáculo,
acabei sorrindo
e falei com o ancião
de maneira tão leve,
uma conduta que eu havia esquecido
há muito tempo
Impressionado com aquilo,
quis saber o que estava acontecendo
e o velho sempre sorrindo, me disse:
vez por outra é necessário
despertar a criança adormecida
que vive no nosso interior,
pois ela quer brincar...